Desde a norte-americana Marion Mahony Griffin (1871/1961),
considerada a primeira mulher a se tornar arquiteta (graduada pelo MIT em
1894), as mulheres conquistaram mais direitos, mais espaço, entraram nas
universidades e obtiveram reconhecimento pelos seus projetos. Mas a lista de
arquitetas ilustre ainda é pequena em relação à de homens que alcançaram o
mesmo status.
Mas se poucas arquitetas conseguiram deixar seu nome
registrado na história, é cada vez maior o número de mulheres na área: segundo
dados do CAU, há 128 mil arquitetos registrados no Brasil - 60,65% deles são
mulheres
A ENTRADA NO MERCADO DE TRABALHO
Trabalho existe e, pelo menos a princípio, não há
distinções. "Não vejo diferença de mercado para homens e mulheres",
garante Esther Stiller, arquiteta da área de iluminação.
SALÁRIO
A diferença salarial está entre os principais desafios para
as mulheres. Outros obstáculos são a falta de flexibilidade no ambiente de
trabalho e o comportamento machista de clientes e até de colegas.
As entidades de classe tentam prevenir alguns desses
problemas. Sempre que o sindicato faz acordo com a construção civil, há
parágrafos específicos para essas questões, há cláusulas contra discriminação e
assédio sexual, muito normal nas construtoras.
CARGOS DE CHEFIA
Segundo a arquiteta Valeska, afirma nunca ter tido problema
com os colegas, essa nova realidade no ambiente profissional tem se
desenvolvido de forma natural. "Na medida em que uma profissão, na base,
equilibra a sua composição de gênero, isso acaba chegando no alto."
Mas nem todo mundo está acostumado - pelo menos não ainda -
a receber ordens de mulheres, ou a acatar decisões e a confiar, seja o
funcionário, o trabalhador de obra e até mesmo o próprio cliente.
A maior parte das reclamações é relacionada com o ambiente
do canteiro. A arquiteta Solange Martinhão acompanha de perto seus projetos, e
não era fácil lidar com empreiteiros, pedreiros e mestres de obras. "Havia
preconceito no começo", diz. Com o tempo, adquiriu segurança e, sempre que
necessário, não se intimida ao exigir: "vai desmanchar e fazer de
novo".
SABER COBRAR
Outro problema é a hora do pagamento: Monica Drucker conta
que diversas vezes não recebeu o valor acertado, e que tinha dificuldades de
fazer a cobrança. "Os clientes negociam mais seriamente com um rapaz
porque ainda existe machismo, por incrível que pareça." Nesta questão,
Clara Reynaldo, sócia do escritório CR2 Arquitetura com Cecilia Reichstul,
tenta se posicionar de forma profissional. "Procuramos ser o mais séria
possível em relação aos clientes e funcionários. Seja na hora de apresentar a
proposta de preço, estabelecer e cumprir prazos, cobrar os pagamentos ou
apresentar o trabalho. Em relação a esta parte preferimos encarar o escritório
mais como uma empresa do que como um ateliê", explica.
MATERNIDADE E PROFISSÃO
Conciliar profissão com maternidade é um dos pontos mais
críticos, na busca de um balanço entre as horas do dia e o avanço profissional.
Mas essa é uma questão delicada, principalmente em tempos em
que arquitetas-funcionárias nem sempre são registradas em um regime CLT. Nestes
casos, restam os acordos com os chefes e donos de empresa.
Poucas mulheres sabem encontrar um bom balanço, algumas
escolheram a maternidade, outras, a profissão. Poucas conseguem fazer os dois e
gerenciar isso bem.
ÁREAS DE ATUAÇÃO
De acordo com Valeska, o ambiente duro de trabalho no
canteiro de obras pode ser uma explicação para o fato de ser mais comum que as
mulheres optem por outras áreas. Muitas mulheres preferem ficar distantes, em
atividades mais leves. Porém não existe relação entre o gênero e a atividade, e
que a escolha da área de atuação é de caráter muito pessoal.
Apesar das dificuldades, as mulheres podem sim conquistar
esse campo. Mas, para isso, tem de ser rígida!.
A atitude mais importante que as mulheres devem ter, é ser
pró-ativa, como oposto a ser reativa. Mulheres precisam se responsabilizar
pelos seus caminhos mesmo diante das adversidades. Porque é um caminho difícil.
Fonte: | AU (Arquitetura e Urbanismo)
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